Lembro-me de quando era miúda de esperar ansiosamente pelas férias de Verão. E não costumava ir de férias para nenhum lado, era só mesmo pela brincadeira na rua até às tantas.
Nunca nos fartávamos de estar na rua, fosse em época de férias ou não! Tínhamos sempre o que fazer... sozinhos ou acompanhados, com ou sem brinquedos.
Hoje em dia é raro vermos as crianças com este espírito. É certo que as condições de segurança são outras e não existem tantos espaços que proporcionem tanta brincadeira e diversão.
Mas, acho que, principalmente o que mudou foi mesmo a predisposição das crianças, ou a falta dela. Estão tão habituados a estar em casa presos à tecnologia que tudo o que seja fora de casa requer demasiada energia e esforço para o fazer... não digo que a culpa seja só das crianças, pois os pais também têm a sua meia culpa.
Eu falo por mim, é claro que me sabe bem o silêncio e o sossego quando elas estão no tablet e elas também o vão... mas o ato de largar esse comodismo e avançar para uma atividade mais física requer alguma preparação psicológica. Para elas e para mim...
Os miúdos hoje em dia têm dificuldades em criar, inventar (brincadeiras, não histórias LOL), em imaginar... Eu lembro-me de dizer à minha mãe que ia ter com a vizinha para brincar e se ela não estava ia para casa? NEM PENSAR!!! Continuava na rua a brincar sozinha e sem dar pelo tempo passar.
Agora os miúdos não conseguem estar sozinhos sem um tablet ou telemóvel, inclusivé já cheguei a ver crianças no parque, sentadas no baloiço agarradas ao telemóvel! Enfim!... Recentemente a minha filha e um amigo foram para o parque brincar e passado pouco tempo de lá estarem vieram bater-me à porta a dizer que precisavam de ir à casa dele buscar o telemóvel porque estavam aborrecidos... Reencaminhei-os de volta para o parque após ouvirem daqueles sermões que começam "No meu tempo...". Passado nem 10 minutos regressaram a dizer que estavam com frio e queriam vir para casa. Escusado será dizer que acabaram no quarto a jogar consola. Sacaninhas dum raio!
E é isto que eu digo, é isto que eu me refiro quando digo que os miúdos de hoje não sabem brincar! E a prova disso é que certas brincadeiras que nós aprendemos na rua são agora ensinados na escola... Li uma vez um artigo a dizer que a maioria das crianças não sabe saltar à corda! Como é isso possível? O que é que estes miúdos andam a fazer?
Vejamos, então as brincadeiras de ontem comparativamente com as brincadeiras de hoje.
No meu tempo saltava à corda na rua, de ténis, sandálias, chinelos e até descalça - individual e em grupo, com uma música que já não me lembro. No meu tempo jogava ao elástico, ao futebol humano e futebol sem ser humano, aos berlindes, ao ferro, ao caracol... Quem conhece o jogo da sirumba (era o meu preferido), consistia num jogo de policias e ladróes com uns quadrados para os ladrões e corredores para os polícias...
No meu tempo subia às árvores e metia-me no meio das ervas grandes para jogar às escondidas e mordia azedas, ia às silvas para apanhar amoras e se me arranhasse inventava um remédio com o leite dos figos ou com suculentas só para não ir a casa... No meu tempo ia para as obras aventurar-me e trazia tubos de plástico para lançar canudos de papel ou bagas e claro, acertar em alguém.
Passava tardes de bicicleta à descoberta - criámos um clube, o gang das BMXs. E para quem não sabia andar nós dávamos uma ajudinha na rampa de terra batida, não eram necessárias rodinhas.
Também brincava com barbies, Kens e outras bonecas... mas não eram para estar em nenhuma exposição, por isso, levava-as para a terra e lá brincava com elas. Construía a casa com caixas de detergentes e arrancava ervas pelas raízes para enfeitar o jardim da mansão das barbies. O carro era uma caixa de ovos.
No meu tempo rasgava blusas, encardia calças, perdia sapatos... e no Verão tomávamos banho de mangueira todos juntos antes do jantar para depois à noite nos juntarmos novamente para nos sujarmos outra vez.
No meu tempo não tínhamos frio, nem fome, nem medo daquele mais velho que nos dava uns calduços de vez em quando! Bem, se tínhamos não o demonstrávamos e aí de nós se ousássemos fazer queixinhas...
No meu tempo não tínhamos nem telemóveis nem tablets... No meu tempo aproveitávamos à grande! Explorávamos, aprendíamos, ensinávamos, caíamos...mas a diversão era garantida... No meu tempo acho que éramos mais felizes...
Agora não se ouve "queres brincar comigo?" e as brincadeiras resumem-se a , a , pois não sei! A uma visita promovida pelos pais a um parque para realizar algum exercício e tablet ou telemóvel, talvez uns toques na bola e tablet ou telemóvel, um passeio a pé e tablet ou telemóvel, talvez uma voltinha de bicicleta ou patins e tablet ou telemóvel...
E normalmente sempre acompanhados/incentivados pelos pais... Não há autonomia, não há iniciativa, não há experiência!
Como havia no meu tempo!
Ó tempo volta para trás!
E a vossa infância como foi? E a dos vossos filhos, como é?
Beijinhos
Be Happy
Maria
Nunca nos fartávamos de estar na rua, fosse em época de férias ou não! Tínhamos sempre o que fazer... sozinhos ou acompanhados, com ou sem brinquedos.
Hoje em dia é raro vermos as crianças com este espírito. É certo que as condições de segurança são outras e não existem tantos espaços que proporcionem tanta brincadeira e diversão.
Mas, acho que, principalmente o que mudou foi mesmo a predisposição das crianças, ou a falta dela. Estão tão habituados a estar em casa presos à tecnologia que tudo o que seja fora de casa requer demasiada energia e esforço para o fazer... não digo que a culpa seja só das crianças, pois os pais também têm a sua meia culpa.
Eu falo por mim, é claro que me sabe bem o silêncio e o sossego quando elas estão no tablet e elas também o vão... mas o ato de largar esse comodismo e avançar para uma atividade mais física requer alguma preparação psicológica. Para elas e para mim...
Os miúdos hoje em dia têm dificuldades em criar, inventar (brincadeiras, não histórias LOL), em imaginar... Eu lembro-me de dizer à minha mãe que ia ter com a vizinha para brincar e se ela não estava ia para casa? NEM PENSAR!!! Continuava na rua a brincar sozinha e sem dar pelo tempo passar.
Agora os miúdos não conseguem estar sozinhos sem um tablet ou telemóvel, inclusivé já cheguei a ver crianças no parque, sentadas no baloiço agarradas ao telemóvel! Enfim!... Recentemente a minha filha e um amigo foram para o parque brincar e passado pouco tempo de lá estarem vieram bater-me à porta a dizer que precisavam de ir à casa dele buscar o telemóvel porque estavam aborrecidos... Reencaminhei-os de volta para o parque após ouvirem daqueles sermões que começam "No meu tempo...". Passado nem 10 minutos regressaram a dizer que estavam com frio e queriam vir para casa. Escusado será dizer que acabaram no quarto a jogar consola. Sacaninhas dum raio!
E é isto que eu digo, é isto que eu me refiro quando digo que os miúdos de hoje não sabem brincar! E a prova disso é que certas brincadeiras que nós aprendemos na rua são agora ensinados na escola... Li uma vez um artigo a dizer que a maioria das crianças não sabe saltar à corda! Como é isso possível? O que é que estes miúdos andam a fazer?
Vejamos, então as brincadeiras de ontem comparativamente com as brincadeiras de hoje.
No meu tempo saltava à corda na rua, de ténis, sandálias, chinelos e até descalça - individual e em grupo, com uma música que já não me lembro. No meu tempo jogava ao elástico, ao futebol humano e futebol sem ser humano, aos berlindes, ao ferro, ao caracol... Quem conhece o jogo da sirumba (era o meu preferido), consistia num jogo de policias e ladróes com uns quadrados para os ladrões e corredores para os polícias...
No meu tempo subia às árvores e metia-me no meio das ervas grandes para jogar às escondidas e mordia azedas, ia às silvas para apanhar amoras e se me arranhasse inventava um remédio com o leite dos figos ou com suculentas só para não ir a casa... No meu tempo ia para as obras aventurar-me e trazia tubos de plástico para lançar canudos de papel ou bagas e claro, acertar em alguém.
Passava tardes de bicicleta à descoberta - criámos um clube, o gang das BMXs. E para quem não sabia andar nós dávamos uma ajudinha na rampa de terra batida, não eram necessárias rodinhas.
Também brincava com barbies, Kens e outras bonecas... mas não eram para estar em nenhuma exposição, por isso, levava-as para a terra e lá brincava com elas. Construía a casa com caixas de detergentes e arrancava ervas pelas raízes para enfeitar o jardim da mansão das barbies. O carro era uma caixa de ovos.
No meu tempo rasgava blusas, encardia calças, perdia sapatos... e no Verão tomávamos banho de mangueira todos juntos antes do jantar para depois à noite nos juntarmos novamente para nos sujarmos outra vez.
No meu tempo não tínhamos frio, nem fome, nem medo daquele mais velho que nos dava uns calduços de vez em quando! Bem, se tínhamos não o demonstrávamos e aí de nós se ousássemos fazer queixinhas...
No meu tempo não tínhamos nem telemóveis nem tablets... No meu tempo aproveitávamos à grande! Explorávamos, aprendíamos, ensinávamos, caíamos...mas a diversão era garantida... No meu tempo acho que éramos mais felizes...
Agora não se ouve "queres brincar comigo?" e as brincadeiras resumem-se a , a , pois não sei! A uma visita promovida pelos pais a um parque para realizar algum exercício e tablet ou telemóvel, talvez uns toques na bola e tablet ou telemóvel, um passeio a pé e tablet ou telemóvel, talvez uma voltinha de bicicleta ou patins e tablet ou telemóvel...
E normalmente sempre acompanhados/incentivados pelos pais... Não há autonomia, não há iniciativa, não há experiência!
Como havia no meu tempo!
Ó tempo volta para trás!
E a vossa infância como foi? E a dos vossos filhos, como é?
Beijinhos
Be Happy
Maria