Num fim-de-semana onde as nossas conversas no whatsapp tiveram 99% o tema do Covid-19 e o receio pela população, não só a nossa e os nossos mais próximos, mas a mundial. Falamos nos problemas de Portugal, claro! Que na minha opinião esta a ter uma reação excelente a nível político, mas não a nível social, as pessoas parecem desvalorizar a situação. Da Itália, de Espanha, do Reino Unido, etc e do que ouvimos nas notícias.
Falamos também do problema de ir trabalhar para um escritório onde há a possibilidade de contrair o virus e trazer para casa e transmitir aos nossos...
Ficamos preocupadas umas com as outras e principalmente com a que tem asma. Eu também tenho, mas a asma da Maria é bem mais preocupante que a minha.
É estranho termos que nos adaptar a estes últimos eventos: as tempestades, os fogos causados pelo aquecimento global de um mundo poluído e doente. Os problemas sociais da falta de relações interpessoais fortes e da saúde mental de que tanto se fala, o que relaciono com a efemeridade de quase tudo o que nos rodeia - mas isto é assunto para outro dia.
Agora, um mundo inteiro em alerta por causa de um virus. Eu nunca vivi numa guerra mundial, mas isto deve ser um sentimento parecido onde o mundo estava em alerta. Isto acaba por ser uma guerra mundial mas (como li algures) da humanidade a lutar contra um virus.
O que virá a seguir? Zombies? Aliens?
Parece-me de doidos, está tudo um bocado fora da minha zona de conforto e... quero a minha mãe, mas estou interdita de estar com ela porque estamos em países diferentes e onde ela está já fecharam fronteiras. Então a viagem que tinha marcado para Abril já está quase posta de lado.
Desafios, desafios...
Para aliviar as conversas do Covid, fiz pela primeira vez uma canja deliciosa, houve também um aniversário cá em casa, mas envergonhado, mesmo assim houve bolo e o cantar dos parabéns!!
Enfim, amanhã vou trabalhar normalmente, aqui não há plano de contingência, é “business as usual”. Mas, de alguma forma há um sentimento estranho no ar, tipo férias, mas não são férias é algo desconhecido. Só espero não apanhar nada e principalmente não contagiar ninguém.
Amigas do coração protejam-se.
Keep safe!
😘😘
Dia 7 de Março para mim e um dia especial. Embora só eu o sinta. Foi o dia em que a minha aventura começou no UK.
A minha situação em Portugal, em 2011, era precária. De um dia para o outro, o meu trabalho foi reduzido a metade e foi-me passada a mensagem que “infelizmente, temos que reduzir custos, por isso, tens de fazer metade das horas”, para mim isto significava apenas: - ok, metade do ordenado. Mas era "normal" tendo em conta as condições precárias dos trabalhos sem contrato.
Tendo em conta que, na altura, tinha de pagar casa, carro, já nem falo na comida, porque nesse departamento ia-se a casa dos pais e cabia sempre mais um ou dois - numa casa Portuguesa com certeza, faz-se sempre comida para sobrar, para quem vier ou para o dia seguinte.
Mas, fazendo contas, com dois part-times (eu e o meu namorado na altura) + contas para pagar = bancarrota. Os custos eram muito superiores às entradas de dinheiro.
E com um empurrão do primeiro ministro, na altura, a dizer se tem um curso superior, ponham-se a andar. Eu que tinha acabado de fazer um mestrado em Marketing, achei que seria de bom tom ir a aventura e seguir o conselho do PM e concorri aos programas financiados pela UE, para sair do país.
E… fui aceite, podia escolher qualquer país. Podia ser Espanha… demasiado perto. Podia ser Franca, nunca fui muito boa a francês e tenho lá família (avecs)… não! E Inglaterra, Londres, onde só tinha posto os pés uma tarde, numa escala de 4 horas de uma ida a Praga. Ao menos já tinha visto o Big Ben! E falavam inglês... era peanuts! (pensei eu, que na pratica nao percebia nada deste sotaque inglês europeu).
Achei que Londres era o sítio e comecei a enviar cvs, para ver se alguém me aceitava, enviei 105. Uma empresa respondeu que estava disposta a dar-me um estágio de 6 meses e ofereceram-se a pagar £700 por mês… mais a bolsa. Eu pensei que me tinha saído a sorte grande! Eu ganhava 450 euros (no tal part-time), na verdade, eu estava perante uma decisão/ oferta que me iria mudar a vida 180 graus.
As minhas gajas ficaram contentes e tristes ao mesmo tempo, umas diziam que eu não aguentava mais de 6 meses, outras diziam que eu ja não voltaria a Portugal.
Não é fácil assentar e sentirmo-nos em casa, porque não é casa! É um país completamente diferente, milhentas culturas misturadas. Mas sim, para me ambientar, trouxe a minha bimby, a minha maquininha de café (não podia faltar) e roupa de esquimó, que nunca usei porque aqui não se passa frio.
O cair na realidade de estar sozinha não me afetou. Foi uma euforia espetacular, eu estava tão feliz com esta nova aventura, amei os meus primeiros tempos, foi mesmo um sonho tornado realidade!
Depois vieram as dificuldades, ao fim de 6 meses, o estágio acabou, e eu pensei: “nem pensar que vou para Portugal”. Vou arranjar qualquer coisa, mas não vou voltar a ganhar 450 euros por mês em P|ortugal, foi quase fugir, como o diabo foge da cruz.
Ao fim de 8 anos, com uma vida completamente diferente, a conhecer várias culturas, acaba-se por aprender a respeitar qualquer coisa, mesmo que seja estranha para nós, pode ser muito óbvia e normal para outras pessoas e isso vê-se nas ruas.
Muitos desafios ultrapassados, muitos testes, muita luta sem ter apoio, porque a família e os amigos estão longe. Acho que ainda não estou onde eu gostava de estar. Acho que esta saída da minha vida em Portugal acabou por atrasar planos de família principalmente. Estou onde gostaria de estar financeiramente, mas falta algo.
Good news is ainda vou defo (definitivamente) a tempo!
Valeu a pena? SIM.
Falo-ia outra vez? SIM.
Aprendi muito sobre mim? SIM
Deu-me mais forca? SIM. E compaixão e o não julgar o próximo, e tentar ver sempre diferentes perspectivas em relação a determinada situação.
Tem sido dificil? SIM, mas não mudaria um episódio.
Digamos que aqui sou a “Portuguese Girl” e para as gajas sou a “Bifa”.
Quando penso em voltar, dá-me ansiedade o facto de pensar em ficar financeiramente dependente de Portugal, das finanças (nhek), das burocracias, etc. E de não me voltar a integrar, pois eu sou a “bifa”.
Aqui, o verde (country side) dá-me vida e o cinzento tira. A parte financeira faz-me ficar, o coração faz-me voltar.
Mas e um mix de emoções. Eu sei, custa a entender, a mim custa! :) Parece a música do António Variações “estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir aonde não vou”. Ja não sou so eu, sou o eu, mais o eu aqui.
Um dia volto, e não está longe! Mas acho que vou ter sempre um pé cá e outro lá, não quero dizer adeus permanentemente ao UK. Já tenho raízes fortes que me fazem chamar a esta ilha um pedaço de Home Sweet Home!
Beijos
A minha situação em Portugal, em 2011, era precária. De um dia para o outro, o meu trabalho foi reduzido a metade e foi-me passada a mensagem que “infelizmente, temos que reduzir custos, por isso, tens de fazer metade das horas”, para mim isto significava apenas: - ok, metade do ordenado. Mas era "normal" tendo em conta as condições precárias dos trabalhos sem contrato.
Tendo em conta que, na altura, tinha de pagar casa, carro, já nem falo na comida, porque nesse departamento ia-se a casa dos pais e cabia sempre mais um ou dois - numa casa Portuguesa com certeza, faz-se sempre comida para sobrar, para quem vier ou para o dia seguinte.
Mas, fazendo contas, com dois part-times (eu e o meu namorado na altura) + contas para pagar = bancarrota. Os custos eram muito superiores às entradas de dinheiro.
E com um empurrão do primeiro ministro, na altura, a dizer se tem um curso superior, ponham-se a andar. Eu que tinha acabado de fazer um mestrado em Marketing, achei que seria de bom tom ir a aventura e seguir o conselho do PM e concorri aos programas financiados pela UE, para sair do país.
E… fui aceite, podia escolher qualquer país. Podia ser Espanha… demasiado perto. Podia ser Franca, nunca fui muito boa a francês e tenho lá família (avecs)… não! E Inglaterra, Londres, onde só tinha posto os pés uma tarde, numa escala de 4 horas de uma ida a Praga. Ao menos já tinha visto o Big Ben! E falavam inglês... era peanuts! (pensei eu, que na pratica nao percebia nada deste sotaque inglês europeu).
Achei que Londres era o sítio e comecei a enviar cvs, para ver se alguém me aceitava, enviei 105. Uma empresa respondeu que estava disposta a dar-me um estágio de 6 meses e ofereceram-se a pagar £700 por mês… mais a bolsa. Eu pensei que me tinha saído a sorte grande! Eu ganhava 450 euros (no tal part-time), na verdade, eu estava perante uma decisão/ oferta que me iria mudar a vida 180 graus.
As minhas gajas ficaram contentes e tristes ao mesmo tempo, umas diziam que eu não aguentava mais de 6 meses, outras diziam que eu ja não voltaria a Portugal.
Não é fácil assentar e sentirmo-nos em casa, porque não é casa! É um país completamente diferente, milhentas culturas misturadas. Mas sim, para me ambientar, trouxe a minha bimby, a minha maquininha de café (não podia faltar) e roupa de esquimó, que nunca usei porque aqui não se passa frio.
O cair na realidade de estar sozinha não me afetou. Foi uma euforia espetacular, eu estava tão feliz com esta nova aventura, amei os meus primeiros tempos, foi mesmo um sonho tornado realidade!
Depois vieram as dificuldades, ao fim de 6 meses, o estágio acabou, e eu pensei: “nem pensar que vou para Portugal”. Vou arranjar qualquer coisa, mas não vou voltar a ganhar 450 euros por mês em P|ortugal, foi quase fugir, como o diabo foge da cruz.
Ao fim de 8 anos, com uma vida completamente diferente, a conhecer várias culturas, acaba-se por aprender a respeitar qualquer coisa, mesmo que seja estranha para nós, pode ser muito óbvia e normal para outras pessoas e isso vê-se nas ruas.
Muitos desafios ultrapassados, muitos testes, muita luta sem ter apoio, porque a família e os amigos estão longe. Acho que ainda não estou onde eu gostava de estar. Acho que esta saída da minha vida em Portugal acabou por atrasar planos de família principalmente. Estou onde gostaria de estar financeiramente, mas falta algo.
Good news is ainda vou defo (definitivamente) a tempo!
Valeu a pena? SIM.
Falo-ia outra vez? SIM.
Aprendi muito sobre mim? SIM
Deu-me mais forca? SIM. E compaixão e o não julgar o próximo, e tentar ver sempre diferentes perspectivas em relação a determinada situação.
Tem sido dificil? SIM, mas não mudaria um episódio.
Digamos que aqui sou a “Portuguese Girl” e para as gajas sou a “Bifa”.
Quando penso em voltar, dá-me ansiedade o facto de pensar em ficar financeiramente dependente de Portugal, das finanças (nhek), das burocracias, etc. E de não me voltar a integrar, pois eu sou a “bifa”.
Aqui, o verde (country side) dá-me vida e o cinzento tira. A parte financeira faz-me ficar, o coração faz-me voltar.
Mas e um mix de emoções. Eu sei, custa a entender, a mim custa! :) Parece a música do António Variações “estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir aonde não vou”. Ja não sou so eu, sou o eu, mais o eu aqui.
Um dia volto, e não está longe! Mas acho que vou ter sempre um pé cá e outro lá, não quero dizer adeus permanentemente ao UK. Já tenho raízes fortes que me fazem chamar a esta ilha um pedaço de Home Sweet Home!
Beijos
... continuação (para fazer total sentido, lê também a Parte I)
Entretanto, eu nunca percebi, quando havia droga ou não. Agora sei, porque não há, e há diferença do antigamente. Depois de uma depressão quase crónica, com 3 anos de psicólogo e 2 de anti-depressivos, muitos aspectos da vida que deixavam a desejar: relações interpessoais, das relações mais íntimas, amizades, família, etc.
As coisas agora começam a ter cor. Sim, porque agora, não há drogas, não há álcool, não há anti-depressivos. Há apenas um rapaz de quase 40 anos que quer viver o que não viveu na sua adolescência e pós-adolescência. Gosto de pensar que tive um papel activo neste arco-íris! As cores começam a aparecer, mas há muitos medos por não se ter vivido, não se ter aprendido, não se ter sentido, não se ter apercebido. Há coisas a aprender, emoções a sentir. Mas há esperança!
Hoje em dia é o ginásio, um trabalho na aldeia e um ambiente familiar que nos rodeia. Não há muitos amigos, porque estamos num processo, ainda, de adaptação.
Nunca pensei em relacionar-me tão proximamente com alguém com esta condição, não é a minha forma de estar ou o meu estilo de viver. Aterrei aqui sem saber como, sem me aperceber. É que não há um letreiro. Não tinha os dentes podres, cabelo e roupa suja e não andava a arrumar carros (lol). Era, e é giro, jeitoso, simpático, sorridente, como a minha avó dizia: "Alto e perfumado, seco e bem tratado", bom carro, uma boa casa, independente, uma mãe super querida. Isto é coisa de gente que trabalha na banca e era só ao fim de semana... nas festas, com os amigos, colegas, gente de bem, sempre.
O que aprendi também foi, nunca e só ao fim de semana, nunca é com amigos, não há qualquer felicidade nisto, há tempo desperdiçado, há impotência sexual, há discussões, há tristeza, há loucura, há ansiedades, há ataques de pânico, há desespero, irritabilidade, paranóia.... não é fixe e cool!
O que aconselho a alguém que esteja a passar por esta experiência é que pensem primeiro em vocês, vejam se têm tempo, paciência e disposição! E após tudo é preciso paciência, perseverança e coragem!
Conclusão: Diz não às drogas. Não pode ser a solução para a tristeza, porque esta faz-nos perceber o que é "ahhhh felicidadi".
Carolina
xx
Eu sempre fui muito ingénua em relação a drogas, isto é, para mim as drogas nunca fizeram parte do meu dia a dia, mês a mês ou ano a ano. Tinha uma amiga que gostava de fumar cannabis, eu ainda tentei, mas não me deu pica nenhuma, acho que nem senti nada e como era mau para a saúde, achei que não devia insistir. Depois tive um namorado que gostava de fumar cannabis, mas esporádico, porque era caro.
Anos mais tarde, quando fui a Amesterdão, armada em 'cool' comi um queque de cannabis - era óptimo, sabia a chocolate, tipo brownie, delicioso! 30 minutos depois de comer o belo do bolo... Uiiiiiiii... Andei por Amesterdão 2 horas que pareceram 10 minutos, pensava que estava na Praça da Figueira em Lisboa, fora os 30 minutos que demorei a lavar os dentes (desperdício de água).
Isto durou uns 3 dias. Eu acho que fui trabalhar com a moca, 3 dias depois, eu pensava que era crónico, que ia ficar assim, maluca, para sempre. Entenda-se por maluca o facto de ter as sensações alteradas, como tipo se quiséssemos mexer os dedos das mãos, mas em vez dos das mãos os dos pés é que mexiam, um descontrolo esquisito - not cool!
Diga-se que se eu gostasse de drogas era excelente, porque aquele bolo teve 100% efeito em mim, excedeu completamente as expectativas! Eu detestei! Drogas decididamente não são para mim, a falta de controlo, o sentir-me completamente fora, não é algo que me atraia. Ou qualquer outra coisa que crie vícios, comigo, felizmente, não pega! Isto é para resumir a minha relação com drogas.
O meu actual namorado/ parceiro, ao contrário de mim, teve uma infância difícil, com problemas em casa, família desestruturada, no fundo, falta de atenção e amor. Acabou por ter necessidade de sair do seu 'ego' e experimentar não ser ele. Porque o facto de não ser ele, significava que não teria de lidar com os problemas e responsabilidades que o rodeavam. Então, desde o álcool, ás drogas que foram de fácil alcance e continuaram uma constante desde os 16 anos. Ele disse-me no outro dia, que desde essa altura (quase 20 anos depois) era a primeira vez que estava sóbrio sem qualquer substância no corpo.
Nos 4 anos em que temos estado juntos, tem havido muita adaptação, paciência, muita investigação e aprendizagem, de ambas as partes. Para tentar perceber esta pessoa, que nem a si própria se conhecia: quais as necessidades, motivações, o que faz rir, o que faz chorar, quais as prioridades, que rumo levamos, para a esquerda, para a direita, na verdade, perceber tudo o que o faz mover para a frente e alcançar os seus objectivos. Acaba por ser uma maturidade emocional com ânsia de colo, num corpo maduro.
Foi necessário a intervenção de um psicólogo para ele se encontrar, e perceber no novelo onde estava, porque 20 anos adormecidos, e a vida a acontecer ao lado...
Quando se acorda deve ser estranho, e mais estranho ainda é depois ter de voltar à vida, à mesma vida mas evoluções e desenvolvimentos... Tanta coisa que ele deve ter passado e não aproveitado, não explorado, não vivido, não aprendido, não apreciado, o não ficar triste, nem contente, o simplesmente não sentir. Deve ter sido um tanto faz, um mais ou menos, o entusiasmo vinha com a droga (seja o que fosse), mas é assim que vejo a vida desta pessoa, que hoje se arrepende de ter andado tanto tempo adormecido a não querer acordar da própria vida, que não era fácil, mas era a dele.
Acabou por vivê-la vazia por algum tempo. Foi uma escolha, seria a vossa?
(continua... vê a parte II também :)
No outro dia a minha mãe mostrou-me um pacote de açúcar que dizia algo do género: “Não julgues um peixe pela sua habilidade de subir às árvores” ou algo parecido assinado pelo Einstein. E de repente, parece que encontrei algo com que me identifiquei e abri uma outra 'página do livro' que até então tinha fechada ou adormecida pelo: “Não, tenho que ser melhor, tenho que me esforçar e dar o máximo” mas se eu às vezes dou o meu ‘máximo’ e não me apetece dar mais, é porque não tenho prazer naquilo que estou a fazer.
Acho que nós damos o nosso máximo quando queremos, e quando algo nos dá prazer, não é? Quando não nos dá prazer, até fazemos uma forcinha, mas não vem do nosso mais íntimo, da nossa força interior, vem da cabeça e do pica miolos que nos está a pressionar (tal como o meu chefe, etc...).
Na minha vida pessoal tenho sido avaliada pelos meus pais (claro!). Sempre fui uma ‘linda menina’ que viveu em harmonia até chegar à adolescência, quando eles começarem a impor barreiras: do não sair a noite, de não ir à praia sozinha, não ir à discoteca... E eu que gosto de dançar, e de ir a praia sozinha, e de ser livre! Eu acho que se tivesse tido mais liberdade talvez tivesse dado mais atenção ao estudo, aos meus objetivos pessoais, sendo mais focada! Depois fui avaliada como estudante de psicologia, porque o meu pai achava que design de interiores: “Não, credo! Isso não vale nada. Isso só para ires para o desemprego!”
Em termos profissionais, tenho um trabalho em que todos os dias me pedem números, e o alcançar de targets e cocós… dass, que seca! Deixem-me remodelar casas e vão ver como o faço espetacularmente bem! Dêem-me uma aldeia desabitada com casas a cair e eu dou-lhes vida e faço com que as paredes que lá moram contem a sua história. Esse sim, é o meu sonho, e aí sentir-me-ei como um peixe a nadar num oceano ou como um macaco a trepar a mais alta árvore da Amazónia.
Sinto-me um bocado a dizer o que uma bruxa me diria, mas depois do evento acontecer. Mas a moral da história é: quando se luta numa guerra que não é nossa, não custa tanto perder. Quando se está numa guerra com paixão, a lutar pelo que faz parte de nós, a motivação é verdadeira e temos uma reserva de força extra que nos faz testar limites, com prazer e, mais facilmente, alcançar os nossos objetivos. Para mim, é isto que nos faz pessoas de sucesso, pessoas fortes e felizes! E é assim, que num mundo ideal, deveríamos ser avaliados.
Carolina
x
Hoje, segunda-feira, sinto-me de ressaca! Sinto que tive um fim-de-semana espetacular, fora da minha rotina, no bom sentido. E, hoje, caí num curral (foi isto que senti literalmente)! E é este choque que é difícil, e que difere os momentos especiais dos momentos de curral.
Então vou contar como acabei no curral:
Quinta feira apanhei um avião logo de manhã que me levou a Lisboa, cidade querida para mim, onde nasci. Fui com duas amigas estrangeiras. Assim que pousamos, á saída do avião, para mim foi tudo: o cheiro, o calorzinho aconchegante, a língua e o tuga! “Epa, eu tou-ta dezere…; E mais ou menes, coisital…; Uiiiiiii, não sei se isso é possível, vamejer…”, com as entoações típicas. Adoro! Embora antes, pré emigrante (PE), fosse das coisas que mais me irritasse no cidadão Português, o Tuga!… (Snob!)
Agora, acho tão querido, fofinho até!
Fomos diretas a LX Factory e almoçamos enchidos, queijinho, azeitonas, pãozinho do bom, gambas com alho e um jarrinho de vinho branco - fomos mimadas pelo sol também e foi tão
lovely.
À noite, fomos ter com as minhas gajas boas: conversa da boa e colocamos todos os pontos nos “is” na minha sanidade mental. Fazemos sempre coisas que não se devem, tipo falar com a boca cheia, falar umas por cima das outras (pela ânsia de dizer tudo num curto espaço de tempo), falar super alto sobre coisas impróprias, em que os vizinhos das mesas do lado se riem - ao menos proporcionamos bem estar alheio, assim queremos pensar - "nunca mais os vamos ver na vida, tá-se bem…".
Depois fomos sair, vimos Lisboa by night: o Cristo Rei dum roof top, Lisboa iluminada e finalmente fomos dançar, dançar, dançar pela noite dentro!
Enfim, adorei a noite!
No seguinte dia, seguimos para o Algarve, passamos por Tavira, jantamos num restaurante de fusão de comida Algarvia -Amazing- e outra vez, os sabores, o calor, a família.
No seguinte dia, seguimos para o Algarve, passamos por Tavira, jantamos num restaurante de fusão de comida Algarvia -Amazing- e outra vez, os sabores, o calor, a família.
E basicamente foi o relaxamento total. Fui mimada!
Voltar para o curral quer dizer:
instabilidade política (razão pela qual saí do nosso país - e não só também aventura, mas tive um bom impulso do nosso ex-PM), para uma profissão que é altamente afetada por estas duas últimas razões, para uma casa que está à venda e nao se vende, para uma equipa de trabalho dividida, numa aldeia onde me sinto estrangeira, para ninho que não é um porto de abrigo, para uma família que eu adoro mas não é a minha; e chuva e tempo cinza e lama...
E assim, cheguei ao curral.
Para consolação trouxe Nestum e Línguas de Gato e estão a saber a pato!! (estranho este dizer, não é?)
Carolina
x
Carolina
x
“Bom dia gajas boas”, é assim que começo o meu dia (virtual), a desejar que as minhas amigas, que se encontram pelo menos a 2758 km de mim, tenham um excelente dia!
As vezes é tão difícil não tê-las perto de mim, para um café ao final do dia ou um copo de vinho, dizer umas bojardas, falar mal de quem for, falar bem, enfim, só ter o apoio e sentir que daquele lado existe compreensão do que quer que seja que eu esteja a passar, mesmo que seja um “estás parva, precisas de rever as tuas prioridades…”, tal e qual como a Anouk
diria. Até parece que a estou a ouvir, impertinada e senhora das suas opiniões, e “desopinaçōes”. Às vezes, acho que também vem da impulsividade e de não saber exactamente a história toda, mas eu dou-lhe o desconto!
Enfim, é difícil não as ter aqui especialmente num dia como hoje, em que tive um dia difícil, tanto a nível profissional, como a nível pessoal. Mas também quando eu estou feliz e quero festejar...
Mas o whatsapp ajuda, e bastante. Estar longe, a viver numa terriola, e num país estrangeiro não ajuda a minha Saudade - essa palavra que só nós Portugueses temos e entendemos. Ás vezes quando a dita “saudade” é crítica, até o Quim Barreiros ajuda… é tipo droga, só um snifezinho ou melhor, um versinho do Quim Barreiros e faz-me sentir logo melhor - tipo “...eu gosto de mamar nos peitos da cabritinha…” faz-me sorrir e dá-me paz.
O facto de poder escrever e partilhar as minhas histórias diárias com este 4 elementos - eu sendo o 5o - (somos todas umas forças da natureza, diferentes, mas complementares): dá-me vida e força para seguir em frente e por vezes nem olhar para traz, com a certeza de que desta forma, vai tudo correr bem. Se não as tivesse, não sei o que seria de mim.
É incrível, como parece que nos conhecemos todas no outro dia, tipo ha 24 anos atras, na escola… é melhor nem lembrar que escola, digamos num centro de aprendizagem, para não falarmos de idades.
É uma amizade única que mta gente gaba e dizem que somos sortudas, eu pensava que toda a gente tinha esta sorte, mas sei, agora, que não.
Elas são a família que eu escolhi!
Elas são a família que eu escolhi!
Eu não tenho muito jeito para escrever, mas acho que quando é escrito do coração e, relido 2 ou 3 vezes, talvez seja aceitável, isto porque eu já tenho muito jeito de emigra. Para mim a minha língua é um mix de Português e Inglês - Portungles.
Falar ou escrever ajuda sempre, eu só deste bocadinho de escrita já me sinto melhor.
Obrigada gajas boas por me lerem.
Carolina
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