O outro lado do Natal...

Por Maria - dezembro 26, 2019

o outro lado do natal - tropa do batom

Como referi no post anterior,  eu adoro o Natal e toda a confusão em família e do calor humano que se instala por todo o lado...

Mas tenho noção que nem todos os Natais são iguais e que nem todos têm o privilégio e às vezes,  também a disposição de viver o Natal como ele deve de ser vivido.

Eu também já tive um Natal em que quis recusar o seu festejo,  apenas queria ficar sozinha no meu canto sem ninguém ou nada me chatear. .

Aconteceu porque perdi alguém muito especial e importante para mim e,   por isso,  senti que não havia motivo para rir,  para comemorar, para festejar... Pior ainda: revoltava-me ver tantos sorrisos...  Porquê?  Porque se riem?  Estarão indiferentes à minha dor?  Pensava eu para mim..  Será que só eu sinto a falta daquela pessoa que partiu?  Ela não era importante para vocês? Continuava a minha mente a massacrar-      -me...    Mas,  então percebi...  A minha família está a possibilitar-me uma lição..  De que a saudade fica,  a dor persiste mas o legado que essa pessoa deixou é muito mais forte!  O legado da sobrevivência por amor...  O legado da continuidade..  A frase cliché de que  - 'ela lá em cima não quer ver-te triste e a chorar.  Quer ver-te feliz'-  e que resulta... E,  por isso,  voltei a rir no Natal,  a comemorar o Natal,  a festejar o Natal e a viver a vida... (obrigada família!)

No Natal também surgem muitas iniciativas de solidariedade onde expõem levemente certas realidades das quais nós temos conhecimento generalizado e só,  pois dói aprofundar e por isso até somos capazes de contribuir monetariamente ou materialmente mas é só...  Contribuímos e já está!!!  Ninguém  se lembra da dor de quem sofre de cancro e da respectiva família quando põe a moeda na latinha amarela; ninguém reflete nas famílias que passam o Natal no hospital e dos filhos que estão internados quando se fala do nariz vermelho;  quando vemos na TV os jantares para os sem-abrigo nem imaginamos o sofrimento,  frio e medo destas pessoas a dormir nas ruas durante todo o ano;  e quando entregamos o saco do banco alimentar não temos a verdadeira consciência da fome,  sim da FOME,  que certas famílias têm e passam na véspera de Natal...

Não sei se estou a ser hipócrita ao referir isto, pois,  felizmente,  a minha mesa é farta.  Mas contribuo nestas acções e outras (nem sempre em simultâneo) mas,  principalmente,  rezo por eles e agradeço a bênção de ter tudo o que tenho: saúde,  amor,  família,  comida e teto...

O Natal tem várias caras...  Vários espíritos,  vários festejos e sentimentos... Espero é que no meio de tanta azáfama e correria de prendas não fiquemos indiferentes a situações e a  pessoas desfavorecidas...  Sejam sensíveis,  solidários e ensinem os vossos filhos a ter essa sensibilidade e visão abrangente da condição humana..   Hoje podemos ajudar mas amanhã poderemos ser nós a necessitar de ajuda..

Be Happy
Maria

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4 comentários

  1. Como assistente social o Natal irrita-me! Porque parece que as pessoas só têm fome e passam mal no Natal. Da mesma forma que parece que as pessoas só são altruistas no Natal. No natal é giro dar esmolas, todos dão, que cool... E o resto do ano?

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    1. Concordo plenamente.. A miséria está presente todo o ano e para quem está dentro e é sensível às mais diversas necessidades todos os dias são bons dias para ajudar.. É só querer.. Existem diversas associações que pedem donativos diversos...

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