O efeito do corona em mim

Por Carolina - maio 31, 2020

corona em mim - tropa do batom


Sabem aqueles dias em que estamos com a neura? Hoje é um deles, nem o computador me está a obedecer, só escreve palavras estranhas e faz formatações rrrrrr. God! 

Estar em casa nestas últimas semanas tem sido um desafio. 

Tenho feito todo o tipo de coisas que só fazia na casa da minha avó, no Algarve, quando estava nas férias grandes. Tenho feito bolos, saladas de frutas, montes de comidinhas boas. Já cosi uma manga de uma camisola que se descoseu (inédito, confesso). Já me pus a apanhar sol e apanhei um bronzezeco.

Plantei alfaces, beterrabas, mangericão e agrião. Tenho feito imensos kms na minha bicicleta vintage, aulas de dança online e aulas de bum-bums e pernas. Tenho lido, feito o meu curso. Até fiz uma música e coloquei online (e teve alguns likes). Farto-me de rir, todos os dias, com os stories da @Ines_ap e amei, como muitos, os lives do @corpodormente no instagram. Já vi vídeos de maquilhagem, hoje até vi uma cena que só oiço e não sabia que era tão séria, mas absolutamente inútil (coisas que se faz nas "férias grandes"), as operações plásticas que muitas modelos giras ou feias fazem: nariz, bocas e piquinhas de botox p’as rugas (tou a pensar seriamente nesta última); mas por isso é que as adolescentes andam todas com problemas de auto-estima, parece tudo perfeito, mas não é! Enfim, tenho feito muita cena fútil e também ‘nada', o que é às vezes até faz bem! 

Mas depois chega: 

1. Aquela altura do mês… (usssahhh).

Por falar nesta altura do mês, investiguei os pensos reutilizáveis, depois de ler o post da Anouk e para minha tristeza não pude comprar pela Pegada Verde, porque só vendem para países dentro da UE. Eu queria comprar de Portugal, porque confio e ajudava à produção nacional, mas não deu. Mas vou experimentar de certeza, fiquei muito curiosa! 

2. Tenho saudades (soldades, como eu a uma amiga minha dizemos)

De tudo o que mexe fora desta casa. Conduzir, ir ao supermercado sem receios, sair da aldeia, ver, ouvir e cheirar o mar. Da minha mummy, do meu papi, das minhas mamacitas: amigas boas. Da conversa com amigos nas almoçaradas até às tantas, os copos de bom vinho que isso envolve, a sangria. Entre TANTAS outras coisas. 

3. A easyJet só a enviar emails a dizer: “o seu voo foi cancelado” (já é o quarto que recebo)

Este ano que tinha decidido que ia fazer tudo certinho, comprar tudo com antecedência e sentir-me adulta e responsável. Tinha uma Primavera bem planeada com idas para o Sol, e… tudo cancelado. 

4. Só me apetece comer doces

Claro, que quando olho para a balança ela diz-me: “Isto é o salame de ontem, ou o bolo da semana passada, ou os morangos com chantilli, ou o pacote de bolachas”. Ou seja, já são uns 3 kgs a mais. Tenho feito ginástica quase todos os dias, sinto-me rijinha, como uma galinha do campo, pronta para a canja.

5. Quero ser mãe e as coisas não acontecem 

6. Sinto-me mais velha todos os dias que passam

 E é verdade, mas normalmente não se sente.

7. O meu sentido de empreendedorismo está, como os mercados da bolsa, nos níveis mais baixos de sempre 

E considerava-me empreendedora e motivada. Mas, agora não tem funcionado, perdi o humpf. 

8. Estamos no processo da venda da casa

Estamos quase a fazer a escritura, vai ser um alívio, depois dum mercado difícil devido ao brexit, não queremos, definitivamente, passar por um mercado corona. Mudanças, alugar casa com um ambiente meio estranho. 

9. Recebi ontem um email da empresa para a qual trabalho, a dizer que depois do layoff vão despedir 40 pessoas 

Boom!! Acabou comigo. Normalmente mando vir com quem estiver perto de mim, neste caso, só existe 'um' pessoa. 


E vocês como correram os últimos tempos  e como vos afetou ou como se passaram? E como foi sair para a "liberdade condicional"

Obrigada por me lerem.

Carolina
Xxx

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6 comentários

  1. Olá Carolina,

    Fiquei sensibilizada com este texto e cheguei à conclusão que sou uma sortuda. Não fiquei fechada em casa. Estive sempre a trabalhar. Claro que a rotina tem sido muito monótona casa/trabalho, trabalho/casa e, de quando em vez, umas compras muito rápidas. Privilegiamos as entregas em casa de pequenos comércios locais, que foi uma novidade mas tem corrido muito bem.
    Não me dediquei às comidinhas especiais (faço o que sempre fiz), nem à ginástica (as lides domésticas resolvem esta questão muito bem!), dediquei-me às suculentas e fiz uma sementeira (alface, tomate e pimento - era o que havia disponível), já plantei as alfaces e no próximo fim de semana serão os tomates.
    O pior foi mesmo o receio inicial ao sair de casa, para trabalhar, e o regresso! O medo de ser infetada e trazer o bicho para dentro de casa! Este sentimento foi-se dissipando com o tempo.

    Espero que tudo melhore!
    Fica bem!
    Beijinhos
    Liliana

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    1. Olá Liliana, obrigada pelo teu comentário! Good news is: não fui despedida! Já estou a trabalhar :) já mudei de casa e as coisas já estão a voltar à normalidade. Agora é só a família, os amigos e o nr 5...
      Há sempre coisas boas num lockdown, tu também te dedicaste à sementeira, já tens frutos, neste caso, legumes?
      Beijinhos.

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    2. Olá Carolina,

      Ainda bem que tudo se compôs!
      Se me permites, um conselho para o nr. 5... não pensar no assunto... acontece quando menos esperares (em segredo: há umas posições, menos convencionais, que são infalíveis 😉).

      As alfaces estão fraquinhas (o tempo não tem ajudado), estão a demorar um bocadinho mais de tempo a desenvolver. Os tomateiros estão muito bonitos. Lá para o final do mês já devo colher qualquer coisa...

      Fica bem!
      Beijinhos
      Liliana

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    3. Viva a horta caseira!! A minha alface e beterraba ficaram na casa antiga mas tinham muito boa pinta!
      Beijinhos

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  2. Não senti saudades do trabalho mas já sentia que me fazia falta. Foram tempos muito duros psicológicamente. Espero que estejas a voltar à tua normalidade sem tormentos no trabalho. Eu ainda estou em lay off e não sei bem o que se passa na minha empresa, mas sinto que coisa boa não é

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  3. Não querendo parecer moralista ou frases feitas (que ninguém gosta desse tipo de pessoas) mas... acredito a sério que o desconforto pode ser e é o nosso melhor amigo. Não nos mexeriamos, não nos desafiariamos nem fariamos mais e melhor se algo não nos causasse stress. Isto para pegar ali nos teus pontos 5 e 6. O medo, o confronto, a perspectiva de (e se não acontecer? E se for tarde?). Acredito que seja algo que te aflija, que te causa ansiedade em vários momentos mas também esse confronto interno às vezes dá-nos luz sobre tantas outras coisas sobre as quais ainda não tinhamos pensado. Força!

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