Que se lixem os Globos de Ouro, o vestido da Didi e os sapatos da Teté

Por Anouk - outubro 03, 2021

cabides vazios sem roupas

Estão a decorrer o Globos de Ouro na SIC, também conhecidos pelos Óscares nacionais. Para quem não sabe, este prémio foi criado pela SIC em 1996 e tem como objetivo galardoar personalidades nacionais ligadas ao cinema, desporto, música, moda, teatro, humor, entretenimento, e tudo o mais que se lembrem entretanto...

Naturalmente que o verdadeiro objetivo por trás desta gala é, antes de destacar quem quer que seja, angariar publicidade e notoriedade para o canal (#themoneyisonthebling). Não digo que seja negativo divulgar talentos nacionais, porque naturalmente que não é, mas na verdade a maior notoriedade do evento não vai necessariamente para o talento de quem pisa o palco dos Globos de Ouro, mas sim para o talento de quem veste os talentos que sobem ao tão afamado palco. Refiro-me, pois claro, ao vestido da Didi e aos sapatos da Tété (nomes fictícios inventados por mim, ou não, porque a alta sociedade nacional tem nomes tão ridículos que estes até podem mesmo existir por aí)... 

Será que os vestidos e sapatos do suposto jet-set fake tuga são um tema que interessa realmente às mulheres portuguesas em pleno século XXI?

Acho que respondo pelas mulheres inteligentes quando respondo com um redondo NÃO!! Não quero saber do vestido da Didi, dos sapatos da Tété, se tinha um vestido decotado a ver-se as mamas, as pernas e a parreca, ou se o apreentador não sei das quantas apareceu lá de kilt, nu ou com umas calças vibratórias... NÃO QUERO SABER!!

Esta mensagem é para fazer chegar aos responsáveis da estação SIC, que por alguma razão fazem destes eventos um palco enorme de futilidades, quando na verdade o que é importante é o talento de quem pisa aquele palco.

O que eu gostava de ver "desfilar" numa gala desta importância (os designers podem até aproveitar para se inspirarem nesta reflexão) era vestidos com mensagens políticas ou sociais importantes. Algo que fizesse a diferença. 

Se a Didi aparecer com um vestido feito de resíduos queimados, para passar a mensagem de que devemos respeitar as nossas florestas, ou se a Teté aparecer com uns sapatos feitos de plástico que foi recolhido das nossas praias fluviais... aí sim, vou querer saber quem foi o designer que criou essa obra de arte... Até lá, adeus, boa noite, é só informação completamente irrelevante que não contribui em nada para mim. É só lixo!

Atenção! Não quero com isto dizer que a moda não é arte. Longe de mim. Mas numa altura em que enfrentamos tantos problemas ambientais, humanitários e tudo mais.. é simplesmente ridículo dar tempo de antena a um tema tão fútil, quando temos problemas maiores e bem sérios para enfrentar. E nem vou relembrar que a moda é a segunda indústria mais poluente que existe, a seguir ao petróleo...

Pensem nisto antes de alimentarem as audiências de programas fúteis, inúteis e ridículos.

Uma mensagem final à SIC: A crítica não é de todo ao evento em si, mas sim à futilidade que se gerou à volta do evento. A ideia do evento é boa, mas as mensagens devem ser todas bem trabalhadas para os temas que interessam à sociedade e não devem contribuir para a dormência mental do povo (que com o Covid como sabemos ficou bastante agravada).

Nós, as mulheres do século XXI merecemos mais e melhor. Mas até lá, que se lixem os Globos de Ouro e os vestidos e sapatos das suas gentes.

Anouk.

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