Praxar ou não praxar? Eis a questão...

Por Maria - setembro 24, 2021

praxes

Eu hoje vi no Facebook uma discussão, para não dizer atentado a uma pessoa que fez um comentário onde defende as praxes.

Fiquei chocada! É impressionante assistir à intolerância absoluta das pessoas quando alguém tem opiniões diferentes das suas... E chegam a ser super agressivos...

Mas enfim! A razão da controvérsia era sobre as praxes... Se se devem de manter ou não estas práticas...

Este assunto também já foi motivo de debate lá em casa, num lado da mesa estava eu, a defensora e do outro lado da mesa o meu marido, totalmente contra.

Ora, hoje irei somente defender o meu ponto de vista... 😜 Baseado também na minha experiência.

Eu sou a favor das praxes! Mas, no entanto, sou contra os abusos nelas praticadas, como é óbvio.

A minha experiência foi bastante agradável! Quando fui para a universidade não conhecia absolutamente ninguém... E naturalmente ia com receio. Receio de não gostar, de não me adaptar, de me perder, de não conseguir.. e foi nas praxes que me identifiquei com colegas, o que me ajudou em alguns receios. Não digo em ultrapassá-los logo ali durante as praxes, mas senti que era tudo pessoal fixe e com os mesmos receios que eu e que afinal ia ser uma viagem agradável.

Como já referi, a minha experiência foi uma experiência positiva e de inclusão e não uma experiência intimidatória e humilhante. Foram feitos jogos muito simples, alguns individuais outros colectivos. Se houve situações em que me senti constrangida e em inferioridade? Sim, houve, mas acho que faz parte do percurso humano... Quem nunca se sentiu intimidado sem ser na universidade? Por exemplo, num jantar de trabalho da nossa cara metade, onde não conhecemos quase ninguém? Numa entrevista de trabalho onde somos avaliados constantemente? Numa festa onde somos observados de cima a baixo? ou mesmo na apresentação oral de um trabalho? E por aí fora...

Posso dizer-vos algumas das praxes que praticaram comigo enquanto caloira na época das praxes: Jogos cooperativos, que são jogos onde tens de confiar e trabalhar em equipa (por exemplo corrida de obstáculos de pernas atadas, concurso de dança a pares segurando uma laranja sem as mãos; chegar â meta após andar à roda...); Contar quantos palitos tinha a largura do refeitório; comer sem talheres (e não, não acho que seja nojento e humilhante) e no final, todos numa sala fizemos passagem de modelo em cima das mesas, com imitação de animais e simulação de posições sexuais- com notas e não vi maldade nenhuma..nem nenhum abuso! Tudo fazia parte de uma tentativa de simulação da nossa futura vida académica... Sacrificio, coragem, dedicação, cooperativismo, entreajuda, independência e consciência da avaliação. Como se costuma dizer: às vezes a maldade está nos olhos de quem a vè!

Por isso, sim defendo as praxes! Este tipo de praxes! Pois são jogos sociais de inclusão... e que permitem isso mesmo; a inclusão do individuo num novo meio...

Agora... concordar com algumas praxes que actualmente são feitas, onde certos limites humanos são transpostos? CLARO QUE NÃO! Estas praxes são claras manifestações de imaturidade e de ausência de princípios. O que me leva a pensar e/ou perguntar onde estará o problema? Se antigamente elas eram feitas e defendidas por todos os seus intervenientes o porquê agora de chegar a estes extremos?

Sabem o que digo! O problema não está nas praxes! Está em quem as pratica! O problema está nos nossos jovens que não estão preparados para serem adultos em toda a complexidade que isso exige...

São embriões de adultos que pensam que já têm toda a sapiência e autonomia em relação a tudo e a todos; são jovens ressabiados que pensam que podem tudo, mas que ainda não sabem nada.

Desculpem o desabafo! Bem sei que não são todos assim... Mas esta nova geração assusta-me!

E pensando bem... é melhor por agora não praxarem!! Só se forem como as minhas 😁

Por isso, acho que mudo para ser contra as praxes!! Pelo menos por enquanto... ;)

Be Happy

Maria

  • Partilha:

0 comentários