A independência dos nossos filhos. Quando dar?

Por Maria - setembro 08, 2021

independência dos nossos filhos


Este ano a Júlia vai para o 5º ano e também mudar de escola... Um passo não só muito importante para ela, mas também para nós pais...

Actualmente estamos, toda a família, a viver este processo com a devida naturalidade (de acordo com os nossos padrões). Não falamos muito do assunto com ela para não criar ansiedade e por um lado damos indicações irrefutáveis, por outro lado damos opções de escolha. Por exemplo, nós decidimos que não iria frequentar o apoio ao estudo, ou ocupação de tempos livres (como queiram chamar) e apesar de lá ter bastante amigos, para nós, no nosso contexto familiar, não faz sentido. Por isso, esse foi um ponto logo decidido por nós pais. No entanto, ela também nos propôs as suas vontades às quais tivemos que refletir e decidir sobre elas. Nomeadamente o ir sozinha para a escola, assim como o regresso.

Pois e agora?
 
O que fazer? É o que muitos poderão questionar e recear... E também eu e o pai temos esse receio, mas, e porque não? Se ela até à data nos tem dado provas de alguma maturidade e se tem sido responsável nas tarefas que lhes propomos. Porquê agora travar-lhe este crescimento, porquê não lhe facultar um novo instrumento para o seu desenvolvimento pessoal?

Por vezes costumo ter este debate com amigos meus, alguns deles também pais... Como foi connosco? Como foi com vocês?

No meu caso, ia a pé para a escola e logo desde a primeira classe... É certo que no percurso não tinha tantos carros e que praticamente todos nas redondezas me conheciam.. Mas deu-me essa responsabilidade e a possibilidade de conhecer e respeitar os perigos que esses percursos poderão ter... Ganhei estofo! Foi isso. Fizesse sol ou chuva, fosse com amigos ou sozinha, corajosa ou com medo... Ia e pronto e isso deu-me capacidades para passar para a fase seguinte... A escola preparatória! E com 10 anos, ia de transportes públicos para a escola e às vezes a pé... E tudo isso era normal...

Esta frase "com 10 anos, ia de transportes públicos para a escola e às vezes a pé..." hoje em dia tem uma conotação totalmente diferente de há 30 anos atrás... Digo isto porque em conversas com outros pais esta decisão não é de fácil consenso. Uns concordam com essa independência, mas a maioria refere que hoje em dia é muito mais perigoso... e que ainda é cedo!! E que é mais seguro irem pô-los e ir buscá-los à escola e no caso de não poderem recorre-se a serviços especializados para o efeito.

E quanto a ficarem sozinhos em casa? A mesma ideologia mantem-se. Não é seguro, ainda é novo, tem medo, não tem capacidade para se desenrascar sozinho, etc..

Raras são as situações em que crianças de 11/12 anos ficam de bom ânimo em casa sozinhas. - Atenção, que só estou a falar de curtos períodos de tempo, 2/3 horas- e isto tanto para os pais, como para os filhos. Muitos têm receio desta fase e por isso evitam-na, passam essa fase e ignoram essa necessidade. A autonomia que estar sozinho em casa já não é a que nós tivemos (ou eu tive)... ora porque os filhos não querem, ora porque os pais não se sentem à vontade, ora porque isto, ora por aquilo e a criança acaba por nunca adquirir essa capacidade de autonomia e defesa...

E, na minha opinião isso reflete-se a outros níveis que, infelizmente quando se repara já poderá ser um pouco tarde demais.. por isso vemos adolescentes com crises de ansiedade, com frustrações despropositadas, jovens adultos que não conseguem resolver receios e medos por eles próprios... que não arriscam, que caem em depressões e desesperos quando não sabem lidar com o medo, com o desconhecido, com as contrariedades da vida...

Não quero dar uma de psicóloga, nem estar com moralismos, mas acho que protegemos demasiado as nossas crianças, quase que as colocamos numa redoma de vidro.E por vezes, a expressão "entregue aos leões" poderia ser posta mais vezes ou mais cedo em prática... porque é isso que nos faz! A VIDA!!

A Vida é que nos faz! E tudo o que ela comporta... os medos, as conquistas, as possibilidades, E se não a vivermos e não experimentarmos certas experiências poderemos colocar em risco algumas capacidades essenciais para o individuo e para o seu crescimento e evolução.

Tenho 2 filhas, e as 2 completamente diferentes... e sei que certas decisões e liberdades serão dadas e tomadas de maneiras diferentes e provavelmente em alturas diferentes... mas espero manter esta "leveza" em relação a esta temática, pois acredito que será para um bem maior... para a sua independência e para a sua liberdade..

E por isso decidimos que a Júlia irá sozinha para a escola e depois regressará para casa também sozinha.. e sim, estou preocupada e com receio.. mas tal como os nossos pais fizeram iremos tentar proporcionar-lhe o máximo de experiências que promovam a sua autonomia...

E vocês, o que pensam? Como actuam?

Be Happy

Maria

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6 comentários

  1. Parabéns, gostei muito do que escreveu e concordo plenamente.Como mãe de três meninas que sou acho que temos que deixar as nossas crianças viver,crescer,errar e aprender.Percorrer as etapas para serem adultos conscientes, praticos e felizes. Como pais temos que os encaminhar,mas deixar andar. Saúde e tudo de bom para pais e filhos

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    1. Que bom ler essas palavras... é não é? Deixar cair para aprender a levantar...Por vezes parece que somos ETs a pensar e agir assim. Obrigada pelo retorno. Muitos beijinhos e felicidades 😘

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  2. Maria concordo com a tua opinião em relação à tua Júlia, não deve ser fácil como pais tomarem essa decisão, mas como referes é uma questão de confiar e dar aos miúdos a liberdade que eles pedem. Beijinhos e força!

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    1. Olá Carolina... Agora após quase uma semana de experiência reforço tudo o que escrevi. A Júlia está a adorar essa responsabilidade e inclusivé houve um pai (que levava o filho de carro) pediu se a Júlia não se importava de ir a pé para a escola com o filho dele.

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