Vai ficar tudo bem. Será?

Por Anouk - abril 09, 2020

vai ficar tudo bem. será? arco-íris covid19 tropa do batom

Temos ouvido constantemente que #vaificartudo bem. Em anúncios de TV, rádio, na Internet, redes sociais e um pouco por todo o lado. Mas, será mesmo assim? O que poderá mudar depois desta pandemia do Covid-19?

Eu sou uma realista com tendências otimistas por natureza. O que quero dizer é que tento ver a realidade com a mentalidade de "copo meio-cheio". E é isso que vou fazer também em relação a este vírus. Até porque o pessimismo não leva, nem nunca levou a lado nenhum... a não ser aos anti-depressivos. Obviamente que quando digo que sou otimista refiro-me que tento sempre ver dentro dos factos que conheço os factores positivos (porque há sempre pontos positivos em tudo... mesmo que às vezes seja difícil vê-los à primeira vista).

Este post não pretende ser uma previsão do futuro, estilo Prof. Mamadu, nem vão encontrar aqui nenhuma interpretação perdida de Nostradamus... o que vão encontrar aqui é a minha opinião face ao que eu acho que irá mudar na sociedade portuguesa. Ou seja, o pós-covid.

O trabalho remoto será mais comum

Em empresas grandes, o teletrabalho (isto parece uma palavra saída de uma telenovela dos anos 90... por isso talvez seja melhor adotar o termo de trabalho remoto) tem sido visto como um bicho de 7 cabeças. Simplesmente porque os Velhos do Restelo (aka patrões) não conseguem "controlar" as horas de entrada, saída e de almoço dos seus colaboradores.

Mensagem aos #velhosdorestelo: Essa mentalidade passou à história. A não ser que a empresa seja uma unidade fabril, saída dos "Tempos Modernos" do Charlie Chaplin, a verdade é que a presença do colaborador não indica que este esteja a trabalhar. O que faz sentido (e assim o é há uns bons anos) é que sejam definidos objetivos claros. E depois o colaborador deverá cumpri-los no horário que lhe convier (desde que as suas funções assim o permitam, natualmente).

Vamos deixar de ser tão sociáveis

Acho que esta pandemia vai deixar marcas mais profundas na sociedade do que pensamos. Neste momento, estamos a criar novos hábitos, menos sociáveis, e não temos previsão de quando irão terminar. Daqui a um ou dois meses, o mais provável é habituarmo-nos a este estilo de vida mais caseiro e comecemos a ficar mais tempo em casa, junto dos nossos.

Negócios e atividades online serão mais comuns

Contrariamente a outros países da Europa, aqui ainda tínhamos alguma aversão a compras/serviços online. Sobretudo em relação a determinados mercados, como por exemplo moda/roupas. Acredito que o pós-Covid será diferente e passará a ser muito mais comum encomendar tudo e mais alguma coisa online (mesmo para faixas etárias mais altas).

Julgo também que alguns serviços que estamos a usar mais agora (ex: ginásios online) passem a ser bastante mais habituais. Simplesmente porque é mais prático.

Crescimento da robótica

Com o medo que começou a surgir nos relacionamentos interpessoais, não me espantava que a robótica começasse a ter um papel mais preponderante. A verdade é que a tecnologia já provou por várias vezes que está pronta, e neste momento só está à espera que a sociedade consiga acompanhar. Talvez isto possa ser o "click" para a mudança de paradigma, onde poderá começar a ser muito comum vermos os robots a substituírem os humanos em determinadas funções. Nós, os humanos, vamos ter que nos adaptar a novas funções, menos repetitivas, que os robots (ainda) não consigam substituir, ou que seja ainda demasiado dispendioso substituir.

O fim da liberdade como a conhecemos

A pretexto de seguir um vírus, corremos o risco de perder a liberdade como a conhecemos hoje. Se seguirmos as pisadas da China e da Coreia, vamos ter sistemas que monitorizam onde estamos e se estamos infetados ou não (ex: antes de entrarmos num estabelecimento por exemplo). A liberdade de fazermos o que queremos sem darmos satisfações a ninguém, poderá estar prestes a terminar.

O regresso às origens

Esta pandemia está a deixar fortes marcas a nível económico. Estamos a ver os países no seu pior... a Europa que, afinal, não serve para entreajudar em tempos de crise, os Estados Unidos que roubam encomendas à descarada... enfim... estamos a ver tudo no seu pior. E daí que possa ser necessário voltar às origens. Acredito que o pós-Covid trará uma maior consciencialização do consumidor para comprar artigos nacionais, que feche algumas fronteiras pelo caminho e que possamos cada vez mais produzir e consumir cá dentro.

Como disse, isto é apenas a minha opinião sobre o tema. É um #pensamento sobre o futuro pós-covid. E vocês, já pensaram no que poderá mudar daqui para a frente?

Contem-me tudo,
Anouk.

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4 comentários

  1. Anouk, adorei o tema do post e por isso os meus longos comentários. Eu acho que o teletrabalho é uma mudança que tem mais positivos que negativos para as empresas, no entanto e como referes é uma mudança de mentalidades grande para patrões e também para muitos empregados!
    Os patrões que terão de definir objectivos e confirmar que estes são atingidos, não só a conferir estatísticas de quem está fisicamente presente ou culpar falta de produtividade nos cafès que alguns funcionários vão beber de 15 em 15 minutos (exagero eu sei). Mudança de mentalidade para os funcionários de agir de acordo com os objectivos estabelecidos. Boa comunicação é essencial. Para o bem da empresa, afinal esta tem de estar saudável e a produzir para pagar um salário e se não houver a responsabilidade de cada um no cumprimento de objectivos traçados, não se vai a lado nenhum. Eu tento ver quase o emprego como um casamento, tem de haver compromisso de ambos as partes para resultar em sucesso! A empresa precisa tanto de um empregado como um empregado precisa da empresa, e porquê tentar aproveitar-se, ou tentar passar a perna? Vai no futuro cair em cima. Em relação à empresa e à mentalidade “tinder”, se este não for bom à mais 500 á porta, mas a empresa perde a continuidade, tempo investido, instabilidade, etc não resulta.

    Em relaçao ao social, penso “de que” (lol) vamos continuar a ser animais sociais. Tvz com mais cuidado pelo menos até chegar a vacina. Mas a nossa geração nunca se vai esquecer deste período com certeza!
    A robótica já está tão desenvolvida em empresas como a Amazon e Ocado e vai de certeza expandir-se muito mais.
    O fim da liberdade como a vemos hoje, concordo que possa mudar. Em termos de viagens ao estrangeiro, só porque sim. É uma oportunidade para o turismo do nosso país se desenvolver em localidades que neste momento não são afluentes. Concordo que talvez nos restrinjamos mais à nossa zona, a nível de compras, ao comércio local. Será isto o fim da globalização? Aliás o covid19 è um “produto” da globalização.
    Uma coisa que acho importante também é apercebermo-nos de quem são na realidade as profissões importantes: não são os CEO’s, ou os CFO’s, são os homens do lixo, dos cemitérios, as pessoas que trabalham nos lares, os funcionários de armazém, de supermercado, caixeiros, ou seja, a maior parte com poucos estudos (ou sem necessidade de os ter) mas com uma resiliência gigante. E claro, os médicos e os enfermeiros que estão a lutar na primeira linha.
    Estamos a ter que nos adaptar a um vírus, sobrevivência, nada tem a ver com economias ou políticas, tem a ver com a humanidade de cada um para com os outros para assegurar que estamos ca por muitos e muitos mais anos!

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    1. Olá Carolina. Obrigada pelo teu feedback :)
      Quanto à mentalidade das empresas de "sai" um, há 30.000 à espera... acho que essa mentalidade tem vindo a mudar bastante nos últimos tempos e as empresas têm começado a dar muito nais valor aos seus colaboradores. A verdade é que o investimento em formação é alto para as empresas e a mim faz-me todo o sentido que as empresas prezem e tentem fidelizar os seus talentos. Mas, bom, como trabalho em IT, admito que possa estar mais focada na minha realidade e não na dos trabalhos menos especializados.
      Beijinhos

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  2. Já te "conheço". Já há textos que só de ver o tema, titulo, inicio, penso.. é a Anouk! :P

    Olha, também acho que provavelmente haverá maior adesão ao teletrabalho. Mas mais até pela parte dos patrões, porque as minhas amigas com filhos estão a jurar para nunca mais! Este periodo está a desmistificar aos patrões, este modo de trabalho e penso que de forma positiva.
    Também concordo com o crescimento da inteligencia artificial.

    Tudo o resto até acho que não... sobretudo a última. Ou seja, talvez aconteça mas não por uma maior conscencialização do consumidor. Mas sim por racismo e chauvinismo. Tenho assistido a um crescimento assustador de movimentos contra asiáticos (sobretudo), refugiados (mais do mesmo e com esta historia da Ota), situações de confronto e tensão / ofensas a camionistas de outras nacionalidades em zonas fronteiriças... acho que isto está a tirar o pior de nós mesmo (não ignorando toda a onda incrivel de solidariedade que também tem crescido).

    Resumindo, acho que nos distanciaremos sim, por medo, stress, hipocondriacos, mas só durante uns tempos. Depois tudo ficará igual. Como eu digo desde o inicio, reestruturamo-nos com Guerras Mundiais, edificios rebentados, radiação... não creio que uma Pandemia que na verdade nem é muito mortal na população activa vá mudar o mundo.

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    1. Olá Raven. É tão bom saber que estou a deixar pedaços de mim naquilo que escrevo e que me dou a conhecer em cada post. Fico contente :) .

      Quanto ao distanciamento, sim, acredito que seja por medo. Aliás, eu já sinto isso (não comigo, porque felizmente não ganhei esse medo), mas vejo isso diariamente em muita gente e até amigos mais próximos (pessoas que trabalham comigo e que estão preocupadas pelo regresso à empresa por exemplo).

      Quanto à nossa capacidade de adaptação, concordo plenamente contigo. Só acho que essa nossa capacidade poderá ser capaz de levar à mudança de alguns hábitos pelo caminho. Honestamente e sinceramente, acredito mesmo que há hábitos que temos que mudar urgentemente (poluição, consumismo desenfreado, etc). Vamos ver se aprendemos alguma coisa com isto...

      Obrigada pelo teu comentário e opinião. Beijinhos.

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