Maldita cocaína! - drogas e depressōes (Parte II)

Por Carolina - dezembro 16, 2019

cocaína 2- tropa do batom


... continuação (para fazer total sentido, lê também a Parte I)


Entretanto, eu nunca percebi, quando havia droga ou não. Agora sei, porque não há, e há diferença do antigamente. Depois de uma depressão quase crónica, com 3 anos de psicólogo e 2 de anti-depressivos, muitos aspectos da vida que deixavam a desejar: relações interpessoais, das relações mais íntimas, amizades, família, etc.

As coisas agora começam a ter cor. Sim, porque agora, não há drogas, não há álcool, não há anti-depressivos. Há apenas um rapaz de quase 40 anos que quer viver o que não viveu na sua adolescência e pós-adolescência.  Gosto de pensar que tive um papel activo neste arco-íris! As cores começam a aparecer, mas há muitos medos por não se ter vivido, não se ter aprendido, não se ter sentido, não se ter apercebido. Há coisas a aprender, emoções a sentir. Mas há esperança!
Hoje em dia é o ginásio, um trabalho na aldeia e um ambiente familiar que nos rodeia. Não há muitos amigos, porque estamos num processo, ainda, de adaptação.

Nunca pensei em relacionar-me tão proximamente com alguém com esta condição, não é a minha forma de estar ou o meu estilo de viver. Aterrei aqui sem saber como, sem me aperceber. É que não há um letreiro. Não tinha os dentes podres, cabelo e roupa suja e não andava a arrumar carros (lol). Era, e é giro, jeitoso, simpático, sorridente, como a minha avó dizia: "Alto e perfumado, seco e bem tratado", bom carro, uma boa casa, independente, uma mãe super querida. Isto é coisa de gente que trabalha na banca e era só ao fim de semana... nas festas, com os amigos, colegas, gente de bem, sempre.

O que aprendi também foi, nunca e só ao fim de semana, nunca é com amigos, não há qualquer felicidade nisto, há tempo desperdiçado, há impotência sexual, há discussões,  há tristeza, há loucura, há ansiedades, há ataques de pânico, há desespero, irritabilidade, paranóia.... não é fixe e cool!
O que aconselho a alguém que esteja a passar por esta experiência é que pensem primeiro em vocês, vejam se têm tempo, paciência e disposição! E após tudo é preciso paciência, perseverança e coragem!

Conclusão: Diz não às drogas. Não pode ser a solução para a tristeza, porque esta faz-nos perceber o que é "ahhhh felicidadi".


Carolina
xx

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5 comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Obrigada Raven pelos teus comentários! O outro comentário trouxe-me as lágrimas aos olhos. É a primeira vez que falo tão abertamente desta situação. Ás vezes vai para além do amor, da compaixão, da amizade e já me perguntei: porque fico? E a resposta foi sempre: “não sei, mas agira não posso ir”. Beijinhos. Carol xx

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    2. Hum... mas aí leva-me a outras questões... o ficar não deveria ser apenas e tão simplesmente por amor? Ou sentes que há uma missão maior? Qualquer coisinha podes-me escrever, se achares que te fará bem falar :)
      undertheclothes@hotmail.com

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  2. Obrigada Raven pela tua disponibilidade. Acho que foi un desafio tão grande, para além das minhas capacidades, o completamente desconhecido para mim, o que me fez duvidar de muita coisa... mas tive sempre mais e mais força, para ficar e isso vem do amor que sinto por ele.

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