Pai, hoje é o dia do Pai e, em vez do postal escrevo-te esta carta. Mas esta carta não é uma carta qualquer... esta é uma carta de penitência, de culpa e de arrependimento. Esta é uma carta de pedido de desculpa, esta é uma carta a pedir perdão...
Como eu gostaria de poder e de ter a coragem de te dizer pessoalmente, mas as palavras custam a sair da minha boca...
Desculpa Pai! Desculpa não ter feito o que me pediste, desculpa não ter ido para casa quando não tive aulas e em vez disso andei por aí. Desculpa ter saído à noite quando mo pediste para não o fazer... Desculpa ter pensado que era imune ao vírus, desculpa a minha arrogância a pensar que comigo era diferente, que era imune e imortal... Agora sei, da pior forma que também nos acontece a nós, e pior, a ti...
Sim Pai, fui eu! FUI EU!!! Fui eu que te passei o vírus.. Fui eu, a quem tu sempre protegeste e amaste que te pôs nessa cama, que te deixou assim... Frágil, sem forças, sem capacidade de lutar sozinho..
Desculpa Pai! Desculpa não ter pensado nos teus diabetes, desculpa não ter pensado em ti, desculpa não ter respeitado a nossa família...
Como eu me arrependo!! Agora em casa vejo como a mãe é frágil sem ti, como eu não sou nada sem ti... Os dias passam e a culpa aumenta cada vez mais... Na minha cabeça saem constantes porquês... Porque saí eu? Porque cedi à pressão dos meus amigos para sair? Porque não vim para casa? E as pessoas com quem tive? Infetei alguém? A vizinha de cima também está internada, e acho que muito mal, a filha disse que derivado à idade não deve de resistir... Será que também fui eu? Eu subi com ela no elevador... E todos os outros que também usaram o elevador? Aí pai!! Desculpa!! Não aguento! Não suporto esta dor... De pensar que um acto de rebelia minha te colocou nessa cama de hospital... Aí dói tanto!!! Fica bom Pai... Por favor!! Eu não quero viver com esta culpa colada a mim...
Desculpa Pai!! Desculpa....
Eu amo-te tanto... Não quero viver sem ti.. fica bom... Fica bom... Por favor... Fica bom...
Nota: esta carta é fictícia,... Foi escrita para tentar sensibilizar para certos comportamentos face à situação que estamos a passar... Sejamos conscientes e responsáveis... Protege os teus não saindo de casa. Pode acontecer-te a ti...
Força
Maria
Ser mãe aos 17 anos, foi com toda a certeza o melhor não planeamento da minha vida.
Na altura foi uma certeza difícil de integrar em plena adolescência e com tantas incertezas próprias da idade. Porém, ali estava eu, com um pequeno ser a crescer na minha barriga, com todo um futuro pela frente.
As decisões que tomei, com o consentimento dos meus pais foi o de não casar "queria eu lá saber o que diziam os outros" e de continuar a estudar, pois estava a terminar o 11°ano a transitar para o 12° ano com intenções de ir para a faculdade.
Esse verão foi diferente, tive de dividir a praia com as idas ao médico e os exames necessários para uma gravidez vigiada.
O 12°ano iniciou e para mim iniciaram as contrações e o nascimento do meu filho... O meu filho... "Já sou mãe", disse quando ele nasceu.
E enquanto as minhas colegas aprendiam o "past perfect", as probabilidades, o desenvolvimento económico, eu aprendia a ser mãe, aprendia a mudar fraldas, a amamentar, o ritual do arroto, as massagens das cólicas, o dar colo a uma imensa responsabilidade num colo de uma mãe adolescente.
Não nego que não sentisse vergonha pelo facto de ter engravidado tão nova, porém o orgulho de ter um filho era maior do que toda a vergonha que pudesse sentir e foi esse orgulho que me levou a ter a cabeça erguida sempre que ouvia um comentário menos bonito sobre ser uma mãe adolescente. Mais uma vez pensava "quero lá saber o que dizem de mim, este amor é maior que todo o desagrado e é este orgulho que me faz olhar para a frente".
Concluí o 12° ano, fiz os exames nacionais e entrei na faculdade do estado, graças ao orgulho que tinha em ser mãe adolescente. É claro que muito tenho a agradecer aos meus pais, pelo seu apoio incansável, à minha família, sempre pronta a ajudar e às minhas amigas, pela sua amizade genuína e compreensiva.
Com o nascimento do meu filho senti o significado da expressão "amor incondicional" e senti também o verdadeiro significado do que é ter medo. São dois sentimentos que nos apertam o coração, num misto de emoções.
Sempre escolhi ser uma mãe presente, estar lá quando ele chamasse mãe, quando pedisse colo, quando quisesse adormecer.
Não tive uma juventude como as minhas amigas, assumi outro tipo de responsabilidade, tive a oportunidade de ver e ajudar a crescer um menino, rapaz e já homem.
Tenho muito orgulho neste filho, nesta pessoa íntegra, humana, respeitadora, carinhosa, sensível... EXTRAORDINÁRIA.
E hoje, quando me disse que ia sair de casa, pela experiência de morar sozinho...o meu coração ficou do tamanho de uma nano partícula... O meu filho, o meu orgulho, o meu mundo vai deixar o ninho, vai voar sozinho...
Criei este filho para ser uma pessoa independente e autónoma e durante esse caminho andei inchada de tanto orgulho por o ver crescer assim, tão senhor de si, porém agora que ele decide pegar nessa independência e autonomia só me apetece gritar "não vás, fica, volta a ser bebé, vamos começar tudo de novo..."
Vai filho, sê feliz.
Para mim o ditado popular passará a ser :
Longe da vista, pertinho no coração.
Na altura foi uma certeza difícil de integrar em plena adolescência e com tantas incertezas próprias da idade. Porém, ali estava eu, com um pequeno ser a crescer na minha barriga, com todo um futuro pela frente.
As decisões que tomei, com o consentimento dos meus pais foi o de não casar "queria eu lá saber o que diziam os outros" e de continuar a estudar, pois estava a terminar o 11°ano a transitar para o 12° ano com intenções de ir para a faculdade.
Esse verão foi diferente, tive de dividir a praia com as idas ao médico e os exames necessários para uma gravidez vigiada.
O 12°ano iniciou e para mim iniciaram as contrações e o nascimento do meu filho... O meu filho... "Já sou mãe", disse quando ele nasceu.
E enquanto as minhas colegas aprendiam o "past perfect", as probabilidades, o desenvolvimento económico, eu aprendia a ser mãe, aprendia a mudar fraldas, a amamentar, o ritual do arroto, as massagens das cólicas, o dar colo a uma imensa responsabilidade num colo de uma mãe adolescente.
Não nego que não sentisse vergonha pelo facto de ter engravidado tão nova, porém o orgulho de ter um filho era maior do que toda a vergonha que pudesse sentir e foi esse orgulho que me levou a ter a cabeça erguida sempre que ouvia um comentário menos bonito sobre ser uma mãe adolescente. Mais uma vez pensava "quero lá saber o que dizem de mim, este amor é maior que todo o desagrado e é este orgulho que me faz olhar para a frente".
Concluí o 12° ano, fiz os exames nacionais e entrei na faculdade do estado, graças ao orgulho que tinha em ser mãe adolescente. É claro que muito tenho a agradecer aos meus pais, pelo seu apoio incansável, à minha família, sempre pronta a ajudar e às minhas amigas, pela sua amizade genuína e compreensiva.
Com o nascimento do meu filho senti o significado da expressão "amor incondicional" e senti também o verdadeiro significado do que é ter medo. São dois sentimentos que nos apertam o coração, num misto de emoções.
Sempre escolhi ser uma mãe presente, estar lá quando ele chamasse mãe, quando pedisse colo, quando quisesse adormecer.
Não tive uma juventude como as minhas amigas, assumi outro tipo de responsabilidade, tive a oportunidade de ver e ajudar a crescer um menino, rapaz e já homem.
Tenho muito orgulho neste filho, nesta pessoa íntegra, humana, respeitadora, carinhosa, sensível... EXTRAORDINÁRIA.
E hoje, quando me disse que ia sair de casa, pela experiência de morar sozinho...o meu coração ficou do tamanho de uma nano partícula... O meu filho, o meu orgulho, o meu mundo vai deixar o ninho, vai voar sozinho...
Criei este filho para ser uma pessoa independente e autónoma e durante esse caminho andei inchada de tanto orgulho por o ver crescer assim, tão senhor de si, porém agora que ele decide pegar nessa independência e autonomia só me apetece gritar "não vás, fica, volta a ser bebé, vamos começar tudo de novo..."
Vai filho, sê feliz.
Para mim o ditado popular passará a ser :
Longe da vista, pertinho no coração.
Ora aqui está um assunto muito (pouco) conveniente para esta altura do ano! Pelo menos para mim... As resoluções para o novo ano. Quem já fez as suas? Quem ainda não as fez? Quem nunca fez? E quem já conseguiu cumprir as que estipulou? Ou melhor, quem se lembra de quais eram?
Normalmente costumo enumerá-las mentalmente:
0. Deixar de Fumar
Esta resolução é uma das primeiras a surgir no plano de muitas pessoas. Também já foi a minha. A partir da meia-noite já não fumo nenhum! Dizia eu. Devia de ser verdade, à meia-noite lembrava-me lá eu desta resolução para o novo ano! Mal brindava com o champanhe e as passas, agarrava logo o copo de sangria e no meu "querido" cigarro. Felizmente já deixei de fumar, mas não foi de certeza devido a nenhuma resolução de ano novo.1. A famosa dieta
que deve de ser resolução de cerca de 80% da população (sendo que apenas uma minoria a consegue realizar). No que toca à minha pessoa devo de dizer que fico bastante empolgada no início, com data certa e tudo, mas com uma conta exorbitante no supermercado de legumes, chás, frutas e afins... Mas depois, depois.. Depois a minha barriga faz barulhos estranhos, e vou comer as minhas verduras enquanto faço o jantar das minhas meninas e aí vacilo e acabo por ir roubando directamente da panela com a desculpa de estar só a provar o tempero. Mas o pior, o pior é mesmo o fim de semana com os irrecusáveis convites de jantares e de socialização. E aí não dá, não dá mesmo! E a dieta dura no máximo 2 semanas e cheias de batotas pelo meio.2. Exercício físico (outro mito)
realmente as inscrições nos ginásios têm um aumento significativo nesta altura do ano, mas a meio do mês. . Vocês sabem! Está frio, chove, está trânsito e chego 5 minutos atrasada e assim já não vale a pena... Estou cansada... Bla Bla Bla3. Mais tempo dedicado à família
(marido incluido) , tempo de qualidade. Sim sim, deve de ser verdade! Entre fazer jantares, banhos de 2 crianças, roupas lavadas, estendidas e passadas a ferro (desculpa Anouk, ainda não estou domada).. Vou tentando dispor de alguns minutos de paciência e de sorrisos antes de eu adormecer...Ou talvez umas feriazitas diferentes.. Aí já deve de dar... Boa! Vou já reservar 😁
4. Passar mais tempo com as amigas
O que tem implicações directas no ponto 1... Mas, são pormenores... Por isso fazemos promessas de que este ano é diferente! Que este vamos jantar mais vezes... uma vez por mês.. Está decidido!! Pois! Pois!5. Evoluir no trabalho, ou mudar de trabalho
O objectivo que nem sempre está dependente de nós, apesar da nossa atitude ser um factor muito importante.. e para não falar que dá trabalho ;)6. O dedicar mais tempo a nós próprios e só a nós
(esta devo de conseguir se passar mais tempo no WC e com sorte!);Enfim surge um leque de objectivos que aspiramos para o novo ano aos quais dedicamos mais tempo a planeá-los do que a concretizarmos. Pelo menos é o que me acontece! Por isso este ano não vou fazer nenhuma lista nem mental nem escrita.
Vou planear não planear...
PARÁGRAFO À PARTE:
Devo de confessar que enquanto estava a escrever neste post entrei num conflito interno. Pois um houve um ano em que fiz juntamente com a minha filha, uma lista de objectivos a cumprir para esse ano (incluindo a dieta) e que conseguimos realizar todos e devo de dizer que foi bastante gratificante para ambas.
😁
Be happy
Maria
Como referi no post anterior, eu adoro o Natal e toda a confusão em família e do calor humano que se instala por todo o lado...
Mas tenho noção que nem todos os Natais são iguais e que nem todos têm o privilégio e às vezes, também a disposição de viver o Natal como ele deve de ser vivido.
Eu também já tive um Natal em que quis recusar o seu festejo, apenas queria ficar sozinha no meu canto sem ninguém ou nada me chatear. .
Aconteceu porque perdi alguém muito especial e importante para mim e, por isso, senti que não havia motivo para rir, para comemorar, para festejar... Pior ainda: revoltava-me ver tantos sorrisos... Porquê? Porque se riem? Estarão indiferentes à minha dor? Pensava eu para mim.. Será que só eu sinto a falta daquela pessoa que partiu? Ela não era importante para vocês? Continuava a minha mente a massacrar- -me... Mas, então percebi... A minha família está a possibilitar-me uma lição.. De que a saudade fica, a dor persiste mas o legado que essa pessoa deixou é muito mais forte! O legado da sobrevivência por amor... O legado da continuidade.. A frase cliché de que - 'ela lá em cima não quer ver-te triste e a chorar. Quer ver-te feliz'- e que resulta... E, por isso, voltei a rir no Natal, a comemorar o Natal, a festejar o Natal e a viver a vida... (obrigada família!)
No Natal também surgem muitas iniciativas de solidariedade onde expõem levemente certas realidades das quais nós temos conhecimento generalizado e só, pois dói aprofundar e por isso até somos capazes de contribuir monetariamente ou materialmente mas é só... Contribuímos e já está!!! Ninguém se lembra da dor de quem sofre de cancro e da respectiva família quando põe a moeda na latinha amarela; ninguém reflete nas famílias que passam o Natal no hospital e dos filhos que estão internados quando se fala do nariz vermelho; quando vemos na TV os jantares para os sem-abrigo nem imaginamos o sofrimento, frio e medo destas pessoas a dormir nas ruas durante todo o ano; e quando entregamos o saco do banco alimentar não temos a verdadeira consciência da fome, sim da FOME, que certas famílias têm e passam na véspera de Natal...
Não sei se estou a ser hipócrita ao referir isto, pois, felizmente, a minha mesa é farta. Mas contribuo nestas acções e outras (nem sempre em simultâneo) mas, principalmente, rezo por eles e agradeço a bênção de ter tudo o que tenho: saúde, amor, família, comida e teto...
O Natal tem várias caras... Vários espíritos, vários festejos e sentimentos... Espero é que no meio de tanta azáfama e correria de prendas não fiquemos indiferentes a situações e a pessoas desfavorecidas... Sejam sensíveis, solidários e ensinem os vossos filhos a ter essa sensibilidade e visão abrangente da condição humana.. Hoje podemos ajudar mas amanhã poderemos ser nós a necessitar de ajuda..
Be Happy
Maria
Confesso que sou adepta do Natal... Das cores, das luzes, das músicas, dos cheiros... Relembro da minha infância a ansiedade e a expectativa deste dia... Muito pelas prendas, é verdade, mas, também por todo o conjunto maravilhoso característico do Natal... Recordo vivamente os serões de cinema (o famoso sozinho em casa, Mary Poppins, Anne...) acompanhados do cheiro das filhoses, de ir roubar a massa e ouvir as mulheres da cozinha a refilarem: "sacana da miúda..." Às vezes tinha a companhia do meu primo e aí era a galhofa total... Fazíamos turnos onde um fazia a vigia e o outro ia descobrir onde estavam as prendas-sim porque tinham de as esconder para nós não as abrirmos antes do tempo.
E ver a mesa.. Com a toalha característica, cheia de tentações às quais nesse dia tínhamos autorização para ceder... As gargalhadas dos adultos, os berros dos adultos a refilar com o nosso barulho.. As perguntas constantes de: quanto tempo falta? Já é meia noite? O teimoso e vagaroso relógio... E, finalmente a euforia total... As prendas...
Nessa noite adormecia desejosa de acordar para brincar com as prendas e voltar a ter os cheiros, os barulhos, a toalha de Natal e a mesa cheia de confusão mas de vida...
Memórias únicas e por mais que o tempo passe não se desvanecem da minha memória.
Tento agora recriar toda este enquadramento natalício com a minha família.. Pois, porque para mim sim, esta é uma das épocas do ano mais desejadas. E adoro, repito ADORO o Natal e toda a sua magia.
Adoro escolher as prendas, adoro oferece-las... Gosto do stress (saudável) de preparar a comida, a mesa, toda a decoração, da árvore cheia de prendas.. De fazer agora eu as filhoses com a minha filha, de cozinhar com o meu companheiro ao som das músicas de Natal e com os respectivos barretes de Pai Natal... Adoro as nossas gargalhadas à mesa e os nossos gritos para as crianças se acalmaram... Responder às constantes perguntas de quanto tempo falta para a meia noite.. E de finalmente oferecer as prendas tão desejadas e ver os seus sorrisos...
Admito que hoje a percepção do Natal possa ter mudado um pouco (ou não tão pouco) e que a visão que eu tinha do Natal enquanto criança não é a mesma que a minha filha tem, mas acredito que todas as experiências natalícias que possa proporcionar às minhas filhas também irão ficar gravadas nas suas memórias e corações e serem relembramos tal como eu me recordo das minhas com a minha família.
Muito se ouve dizer que o espírito do Natal se perdeu e que agora existe muito consumismo... Não digo que não! Eu sou consumista e adoro comprar e dar prendas, mas isso não invalida que não sinta o espírito do Natal... Sinto com toda a intensidade, com as minhas filhas, com o meu marido, com a minha família de sangue, com a minha outra família, com colegas, amigos, conhecidos e desconhecidos... Porque o Natal está no coração e tudo o que ele representa eu tento fazê-lo todo o ano, mas nesta altura posso manifestar de outras formas...
Por isso, acho que a magia do Natal não se perdeu... Apenas a vivemos de outra forma... Apenas temos que manter vivas as coisas mais importantes.. E criar memórias de amor, solidariedade e união...
FELIZ NATAL
Be Happy
Maria
Todos sabemos, apesar de não o mencionarmos, nem nos lembrarmos diariamente, que a nossa presença neste mundo/universo é passageira.
Todos sabemos que um dia teremos todos o mesmo final, e, penso que, na generalidade, não deixamos esse peso interferir no nosso dia a dia.
Mas se, ao invés de associarmos esta constatação a nós próprios começarmos, ou pior, formos forçados a transpor aos nossos entes queridos..
A muitos de nós nunca nos passa pela cabeça até essa realidade cair como bomba nas nossas vidas...
Acho que nunca estamos preparados para tal... Os indícios estão lá, mas nós nunca os vemos.. O nosso interior recusa-se a reconhecer as fragilidades dos nossos progenitores, sejam elas físicas, sejam elas do foro psicológico. Aos nossos olhos aquela mulher vai ser sempre aquela matriarca que comanda a família com uma energia e força incomparáveis em simultâneo com um olhar doce carregado de amor e ternura... Aos nossos olhos aquele homem será sempre aquele pilar inabalável que não se desmorona nunca... Aos nossos olhos serão sempre eles que nos vão orientar e apoiar quando estamos perdidos e sem forças...
Mas quando são eles a cair? Quando são eles que precisam dessa força, quando são eles que precisam desse amor e dessa ternura?
Qual é a nossa percepção em relação a isso? Qual é a nossa atitude?
Não é fácil! De repente (não assim tão de repente) passamos de protegidos a protetores e isso assusta... Assusta a falta de apoio a nível governamental (é melhor nem entrar por ai), a nível familiar, a nível financeiro, entre outros... Mas, na minha opinião, o que realmente assusta é o receio de não estar à altura... Como eles estiveram...
Penso que essa dúvida, a de não estar à altura, é totalmente inerente ao amor... Quem ama preocupa-se! E decerto que também eles tiveram esse receio, e que em muitos caminhos se depararam com imensas dúvidas e inseguranças, mas nem assim abandonaram o barco... E quantas vezes se devem de ter questionado e até massacrado que a decisão que tomaram poderia não ser a mais correcta... Mas, nós sabemos que, no final das contas, eles estiveram à altura...
A culpa, por vezes também teima em nos acompanhar... Poderia ter feito de outra forma, talvez outra opção seria mais benéfica...
Quando observo alguns idosos que estão entregues a essas circunstâncias e imagino o que vai nos seus pensamentos, e tento até ler as suas almas através dos seus olhos... Não querendo ser generalista, ou tendenciosa, devido ao receio que tenho em mim nesta altura da vida, mas sinto um olhar vazio e desprovido de emoções... Tento adivinhar como eram em jovens... Boas pessoas, pessoas menos boas., o quanto trabalharam, o quanto deram aos seus.... Mas no fim todos estão iguais: frágeis, vazios, tristes, entregues e à espera do que sempre recearam... Sei que nem todo o envelhecer é igual, falo aqui apenas de quem não tem autonomia para estar entregue a si e está entregue a terceiros.
Como será comigo? Sou apologista e espero que se não tiver condições de estar só que me seja possível esta alternativa.
Estarei a ser demasiado derrotista e crua? Ou será de alguma forma a culpa a dar conta de mim?
Não, não é fácil.. Não é fácil! Não é fácil deixar essa pessoa que me deu tanto, que dedicou tanto da sua vida a mim com desconhecidos... Não é fácil confiar nesses desconhecidos... Não é fácil perguntar se está tudo bem, quando sabemos que ela não está em pleno... Não é fácil dar um beijo de até para a semana sem ter a certeza de que vai acontecer... Não é fácil não nos sentirmos culpados quando saímos e ouvimos a porta a fechar.. Não é fácil não sentir culpa quando vamos de férias e ela não vai.. Não é fácil pensarmos que gostaríamos de lhe dizer o quanto a amamos mas que ia soar a despedida... E acabamos por não dizer.
Não é fácil... Nem para nós, nem, principalmente, para eles...
Mas espero que quando chegar a minha vez estas dúvidas surjam por parte de quem me acompanha.. Pois é sinal de amor...
Amem hoje.. Digam hoje... Cuidem hoje...
Como se não houvesse amanhã...
Maria
Para ser sincera nem sei o que escrever. Ou melhor, por onde começar. Pois, porque histórias é que não me faltam. E ideias também não, por exemplo, para descrever a repentina mudança na minha vida poderia fazer como Helen Fielding em o diário de Brigett Jonnes fazendo um formato de diário. O diário de Maria Clara na aventura da 1ª maternidade:
Mas, voltando ao ponto base, a aventura de ser MÃE.
Quando olho para trás, aiii, como eu era... dona do meu nariz, super independente, não dava satisfações a ninguém. Se estava farta de estar em casa, pegava no carro e simplesmente ia. Ou, então, ficava em casa entregue à televisão, ao vinho e aos cigarros (sim, até isso se foi...). Humm, que saudades! E, ao fim do dia, cinema. ai, o cinema: ecrã gigante, as filas para as bilheteiras, o cheiro a pipocas, as gomas, o copo de quase meio litro de coca-cola que me enchia a bexiga em que eu ficava aflita para ir ao wc antes do filme começar.
Os jantares com as amigas no indiano (more rice?), e o Muralhas, o actualizar das ocorrências, as cusquices da semana, os novos amores, os velhos... os objectivos, as promessas, as queixas e o eterno sonho de encontrar a nossa cara metade, o amor das nossas vidas. Aiii! Pois é, e encontrámos, todas nós. Mas ninguém nos disse (desculpem amigas, falo por mim), ninguém me disse que não podia ter tudo: as borgas, os jantares, o cinema, as pipocas, o vinho, os cigarros e a vida em família.
Mas, porquê não ter tudo??? Quem me impede?? Quem? Simples. EU.
Fui EU que me condicionei a estas regras, ou não?
Sempre me considerei uma pessoa de espírito aberto, de não me limitar a algo, de evoluir, de experimentar, de arriscar (talvez, vendo bem as coisas com algum controlo) e de enfrentar tudo e todos se fosse para defender as minhas convicções e sonhos. Até durante a minha gravidez me mantive bastante activa. É certo que a mentalidade do meu companheiro também ajudou.
Mas a verdade é que a nossa vida muda... Muda sim... E por mais que queiramos ser evolutivos, liberais e até um certo ponto autónomos... não dá!! E sabem porquê? Porque os nossos filhos, ou melhor o seu bem estar vai estar sempre em 1º lugar. Quando somos mães/pais as nossas prioridades mudam e naturalmente a nossa vida também.
Cabe-nos a nós, de forma equilibrada racionar as prioridades.. Enquanto mães, enquanto trabalhadoras, enquanto companheiras, amantes, amigas, enquanto mulheres... (bolas!!! Tanta coisa!! - tópico a desenvolver)
Mas sabem como? Eu também não sei... (e não sei se quero saber). Apenas importa talvez viver e desfrutar da melhor forma cada momento e não stressar...
A perfeição não existe...
Be Happy,
Maria
Domingo, 2 de outubro
62 Quilos (desde que tive a Júlia, 8 KG a mais), doses de álcool - 1 (tentando voltar aos velhos hábitos), calorias - infinitas (sou capaz de rebentar qualquer escala), cigarros hipotéticamente fumados - 2 maços, quecas BIG 0, tempo dedicado a mim - BIG BIG 0Mas, voltando ao ponto base, a aventura de ser MÃE.
Quando olho para trás, aiii, como eu era... dona do meu nariz, super independente, não dava satisfações a ninguém. Se estava farta de estar em casa, pegava no carro e simplesmente ia. Ou, então, ficava em casa entregue à televisão, ao vinho e aos cigarros (sim, até isso se foi...). Humm, que saudades! E, ao fim do dia, cinema. ai, o cinema: ecrã gigante, as filas para as bilheteiras, o cheiro a pipocas, as gomas, o copo de quase meio litro de coca-cola que me enchia a bexiga em que eu ficava aflita para ir ao wc antes do filme começar.
Os jantares com as amigas no indiano (more rice?), e o Muralhas, o actualizar das ocorrências, as cusquices da semana, os novos amores, os velhos... os objectivos, as promessas, as queixas e o eterno sonho de encontrar a nossa cara metade, o amor das nossas vidas. Aiii! Pois é, e encontrámos, todas nós. Mas ninguém nos disse (desculpem amigas, falo por mim), ninguém me disse que não podia ter tudo: as borgas, os jantares, o cinema, as pipocas, o vinho, os cigarros e a vida em família.
Mas, porquê não ter tudo??? Quem me impede?? Quem? Simples. EU.
Fui EU que me condicionei a estas regras, ou não?
Sempre me considerei uma pessoa de espírito aberto, de não me limitar a algo, de evoluir, de experimentar, de arriscar (talvez, vendo bem as coisas com algum controlo) e de enfrentar tudo e todos se fosse para defender as minhas convicções e sonhos. Até durante a minha gravidez me mantive bastante activa. É certo que a mentalidade do meu companheiro também ajudou.
Mas a verdade é que a nossa vida muda... Muda sim... E por mais que queiramos ser evolutivos, liberais e até um certo ponto autónomos... não dá!! E sabem porquê? Porque os nossos filhos, ou melhor o seu bem estar vai estar sempre em 1º lugar. Quando somos mães/pais as nossas prioridades mudam e naturalmente a nossa vida também.
Cabe-nos a nós, de forma equilibrada racionar as prioridades.. Enquanto mães, enquanto trabalhadoras, enquanto companheiras, amantes, amigas, enquanto mulheres... (bolas!!! Tanta coisa!! - tópico a desenvolver)
Mas sabem como? Eu também não sei... (e não sei se quero saber). Apenas importa talvez viver e desfrutar da melhor forma cada momento e não stressar...
A perfeição não existe...
Be Happy,
Maria